Meningite exige atenção, reforçam especialistas
As meninges são membranas que envolvem a região do encéfalo: cérebro, bulbo e cerebelo, além de abranger também a medula espinhal. Ocasionalmente, bactérias ou vírus podem ultrapassar as defesas e se inserirem nas meninges. Com
As meninges são membranas que envolvem a região do encéfalo: cérebro, bulbo e cerebelo, além de abranger também a medula espinhal. Ocasionalmente, bactérias ou vírus podem ultrapassar as defesas e se inserirem nas meninges. Com isso, estas inflamam, situação que pode se espalhar para todo o sistema nervoso central. Essa é a famosa meningite, conhecida – e temida – por muitos pais e mães, visto que atinge com bastante intensidade na infância.
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Segundo o oncologista e escritor Drauzio Varella, os principais sintomas são a dor de cabeça, vômitos, febre alta e, especialmente, rigidez da nuca. “Por isso, nunca devem ser desconsiderados, especialmente em duas faixas etárias extremas: nos primeiros anos de vida e quando as pessoas começam a envelhecer”, afirma Varella.
Germes comuns de outras doenças podem também causar meningite. O pneumococo, por exemplo, germe da pneumonia, é um deles. No entanto, geralmente estão dentro do grupo das bactérias ou o dos vírus.
A MENINGITE VIRAL
“O quadro das meningites virais é mais leve, mais brando”, afirma o Dr. Esper Kallás, em entrevista a Varella. “Os sintomas se assemelham aos da gripe e resfriados. No exame clínico, percebe-se que a nuca está um pouco rígida e que a reação é de dor, quando se tenta dobrá-la. Uma vez que os exames tenham comprovado que se trata de meningite viral, a conduta é esperar que o caso se resolva sozinho como se faz com os resfriados”, explica.
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É nisso que reside a grande diferença entre meningite bacteriana e viral, segundo especialistas: a viral evolui e desaparece, geralmente, sem tratamento. A bacteriana, por sua vez, é imensamente mais grave.
A MENINGITE BACTERIANA
A bactéria conhecida como meningococo é responsável pelo tipo de meningite mais grave, que pode ser fatal em questão de horas. Ele é transmitido por meio da respiração, o que favorece a sua dispersão pelo ar. Do nariz, a bactéria chega ao sangue e, finalmente, às meninges, onde provoca a infecção. Nesse caso, os sintomas aparecem rapidamente. “Os mais característicos são febre alta, mal-estar, vômitos, dor de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas pelo corpo, sinal de que a infecção está se alastrando rapidamente”, explica Dr. Kallás.
O infectologista também aponta para outras bactérias que podem causar o mesmo quadro, como o pneumococo e o hemófilo.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
“Quanto mais rápido o tratamento começar, menor a possibilidade de o quadro evoluir mal”, afirma o infectologista. Em hospitais e centros de saúde, o tratamento já se inicia logo após o diagnóstico, que ocorre por meio do exame de líquido da espinha, que determina o tipo de agente infeccioso que está causando a doença. É a partir deste exame que se decide o tipo de tratamento, já que as meningites bacterianas e virais são tratadas de forma diferente.
“A meningite por meningococo, às vezes, exige erradicação em todas as crianças que conviveram com o doente”, aponta Dr. Kallás. “As regras variam muito, mas permanece o mito de que um caso de meningite num aluno requer que se suspendam as aulas e se feche a escola”, acrescenta. Segundo ele, essa não é a melhor conduta a ser adotada no caso de uma criança infectada.
Como forma de prevenção, o Centro de Vigilância Epidemológica Estadual exige o envio de fichas pelo profissional de saúde que diagnosticar um caso de meningite grave. Confira aqui, no portal do CVE, informações sobre agravantes de doenças transmissíveis no Estado de São Paulo por meio de boletins mensais. Se um agravo de doença requerir status de epidemia, o centro está pronto para tomar as providências necessárias.
A VACINAÇÃO
Já está disponível no Brasil a vacinação contra meningite por hemófilos. Este tipo ocorre geralmente em crianças por volta dos 5 anos. Por isso, as doses da vacina são administradas aos dois, quatro e seis meses de vida, sendo acompanhada por doses de reforço. A meningite por pneumococo também existe; no entanto, foi lançada no Hemisfério Norte e adaptada às condições do país; aqui, a bactéria é um pouco diferente e, dessa forma, a prevenção não é cem por cento segura.
“Quanto à vacina contra meningite por meningococo, a problemática é outra”, explica o infectologista. “Existem vários grupos dessa bactéria. Para um deles há uma vacina lançada recentemente que previne quase 100% dos casos. Mas há outros dois que não respondem da mesma maneira”, acrescenta.