No universo da maternidade, a famosa “cama compartilhada” é conhecida de muitos pais e mães. Essa situação ocorre quando o bebê passa a dormir junto dos pais em sua cama, ou então em um berço anexo a ela. O pediatra Moisés Chencinski, em entrevista ao Bebê Mamãe, aponta para a preferências das mães por esse método na hora de dormir. “As mães adeptas da cama compartilhada preferem assim, especialmente porque não precisam levantar no meio da noite para amamentar”, explica ele. Além desse fato, a cama compartilhada também transmite a muitos pais uma sensação de estímulo ao vínculo com o bebê.
No entanto, a cama compartilhada apresenta dois lados, e isso explica por que ela é uma prática tão polêmica. De acordo com a Academia Americana de Pediatria (AAP), o risco de morte súbita do bebê pode ser aumentado caso ele compartilhe a cama com os pais. A AAP, diante disso, orienta que essa prática não seja feita, para evitar o risco de tal situação.
Entretanto, outros estudos – da Universidade de Cambridge, na Inglaterra – apontam falhas na lógica da AAP. Segundo os pesquisadores em questão, a associação se baseou em estudos arbitrários para concluir os malefícios da cama compartilhada. Isso porque os riscos, na verdade, só foram observados diante de pais fumantes, e sem considerar consumo ou não de bebidas alcoólicas. Além disso, os pontos positivos da prática foram ignorados neste estudo: a pesquisa realizada pela Universidade conclui que a amamentação na cama compartilhada reduz as chances de sufocamento do bebê, visto que, em cadeiras reclináveis, muitas mães não conseguem se manter acordadas sempre.
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Um dos argumentos dos pediatras que se colocam contra a prática da cama compartilhada está relacionado à respiração. De acordo com eles, o excesso de gás carbônico no quarto – expirado pelos pais – poderia levar o bebê à morte por sufocamento.
Entretanto, o Dr. Chencinski reafirma: as quantidades ainda não batem com a realidade. “Seria necessária uma quantidade imensa de gás carbônico para causar isto”, afirma ele. “Mas problemas relacionados à cama compartilhada realmente podem acontecer nos casos de filhos de pais que usam álcool, cigarro ou drogas”, alerta. Esse risco, em bebês recém-nascidos, também se estende devido ao excesso de calor.
“Há muitas questões para se discutir e avaliar e isto deve ser realizado nas consultas médicas”, aponta o pediatra. “O importante é respeitar a vontade dos pais e oferecer a eles as melhores orientações para que todos possam se beneficiar. Tudo isso são tentativas que fazemos para tentar adequar o melhor dos pais para o melhor do bebê”, finaliza, ressaltando a importância de se olhar para as individualidades de cada família.