A experiência de quem quer ter filhos varia, inevitavelmente, de acordo com a vivência e com a realidade de cada casal. Os papais de primeira viagem, Renata e Douglas Inoue, vieram contar em alguns capítulos a sua jornada. Acompanhe com a SOS Mammys sua história!
Eu tenho um sério problema! Sou exigente demais. Em tudo, desde o restaurante do almoço de domingo até para as pessoas com as quais convivo ou conviverei. Reconheço que esta característica é o meu ponto fraco e já me afastou de pessoas e situações nas quais eu poderia crescer imensamente.
Talvez por este excesso de rigidez, eu tenha protelado o meu encontro com aquela que viria a ser a futura mãe de meus filhos. Em realidade, este encontro aconteceu lá nos idos de meus 18 anos. Veio de uma amizade construída através da convivência, festas, almoços, passeios e correrias de trabalho.
E quando este tal de amor acontece, a gente fica sem reação, confuso, briga de mente e coração. E esse lance de felicidade é meio mágico, né? Nem vemos o tempo passar. Deve ser pelo fato de estarmos vivendo de verdade e não contando as horas passar. Entre namoro, noivado e casamento pouco tempo passou.
E a cada etapa a cobrança era uma. Antes era sobre a namorada, quando ela apareceu, perguntavam sobre o noivado. Quando ficamos noivos nos cobravam o casamento. E quando casamos, a pergunta da vez era: E os filhos, quando vem? Eu não sou muito social neste sentido. Mas fazia esta cobrança passar de um ouvido para o outro.
Se externamente não fazia muito caso com as cobranças de parentes. Internamente travava imensos diálogos comigo mesmo. Adoro crianças. A casa dos meus pais vivia cheia delas, fora os dois filhos (minha irmã e eu), eles tiveram oito afilhados e um tanto de netos postiços. A maioria deles mais nova que eu. Então, em diversos tempos, convivi com muitas crianças.
Mas conviver não é cuidar. Criar. Educar. Amparar. Se fazer presente em toda e qualquer hora que se fizer necessário. É diferente você ser criança junto e quando não der mais, devolve para quem de direito a criança pertence. Trocar fralda não é coisa de outro mundo. Dar banho também, não. Mas ser a referência, apresentar o mundo para uma criança, sim!
Ao mesmo tempo que desejava muito ser pai, existiam estas e outras questões de ordem mais prática que pairavam na minha cabeça. Certamente, a Rê também tinha as delas. Em diversos momentos, no meio de conversas sobre qualquer coisa, falávamos de filhos, crianças, escolhas, sonhos, projetos e uma vida em conjunto.
Para ela, de quando nos casamos para quando a melhor notícia chegou, o tempo foi implacável e demorou a acontecer. Foi muito tempo de espera, exames, erros, remédios, ganho de peso, troca de médico e acerto. Via a tensão e a ansiedade em seu rosto. Por mais que eu falasse, a cobrança dela consigo mesma era imensa também.
Eu ainda tenho diversas questões, algumas de ordem prática e outras de âmbito filosófico. Não sei dizer se estou pronto para ser pai. Mas dizem que pronto, nunca estamos. Quando o tema é ser pai, minha cabeça se desdobra na linha do tempo. Penso muito no futuro, mas penso também que não podemos deixar de viver o PRESENTE que é onde estamos de verdade.
Douglas Miguel Inoue, publicitário, pai da Nina (anjinho há 9 meses) e grávido da Isabel e da Lauren.