O dia 1º de Abril é mais conhecido – principalmente entre as crianças – como o Dia da Mentira. Por mais que essa data seja encarada de uma forma mais divertida, e famosa pelas inúmeras peças pregadas entre familiares e amigos, há alguns pontos a serem discutidos sobre a cultura do mentir. De onde surge esse hábito ao desenvolver das crianças? Por que ele surge?
A raiz do problema
“Até por volta dos oito anos, as crianças não mentem da forma como os adultos fazem. Na verdade, elas fantasiam, pois não enxergam problemas em dizer algo que não é real”, explica a psicopedagoga Leda Martins. “Mas temos que tomar muito cuidado, pois muitas vezes as mentiras são ações que crianças imitam dos próprios pais, irmãos mais velhos… Os adultos são espelhos para nossas crianças. Mentira gera mentira”, afirma.
Dessa forma, de acordo com Leda, se o comportamento do mentir existe no lar de uma criança, ela o reproduzirá naturalmente. “Toda criança tem em seus pais o modelo principal. Se esses adultos têm o hábito de mentir, os filhos tendem a imitá-los”, afirma a psicopedagoga. “Por isso, é interessante que os pais façam uma autoavaliação. Avalie como você se comporta quando é confrontado com algum erro cometido”, recomenda.
As influências externas
Em relação a influências fora de casa, a regra é a mesma: podem reforçar o comportamento da mentira também. “Veja, por exemplo, o que a mídia oferece para nossas crianças. Que é normal e aceitável enfrentar seus pais em quaisquer situações. Ela até ensina como enganar, fingir, para que se consiga algo deles ou de outras pessoas”, explica Leda. “Atitudes prejudiciais, como o uso naturalizado de drogas, são estimuladas pela mídia, incutindo nas crianças e jovens que isso é normal. Assim como influência de amigos”, acrescenta.
Resolvendo o impasse
Para estimular cada vez mais uma cultura da confiança e longe das mentiras, a psicopedagoga tem recomendações. “Estipular limites aos seus filhos – com, é claro, bom senso – é prepará-los para conviver com o mundo. Uma relação de respeito de ambas as partes é importante para que saibam respeitar as hierarquias”, explica. “É importante que saibam o porquê daqueles limites. Dê uma justificativa a essa atitude, sem que seja o famoso ‘porque sim'”.
Além disso, Leda chama a atenção para as contradições. “Jamais sejam contraditórios em suas justificativas, estejam sempre em sintonia. Isso vai tornando a relação pais e filhos mais confiante por ambas as partes e, assim, fortalecendo a união, o respeito e o desenvolvimento de seus filhos”, afirma.
Leda Baptista Martins, 47 anos. é pedagoga e psicopedagoga. Atua como coordenadora pedagógica e educadora de ensino fundamental, com foco na área da psicopedagogia com distúrbios de aprendizagem.