Se você tem filho ainda criança, provavelmente haverá um momento em que ela perguntará de onde veio. Você pode dizer que as cegonhas a trouxeram. Ou que Deus concebeu todos à sua imagem e semelhança. Pode também, pra não ter tanta vergonha de contar com suas palavras (caso tenha vergonha), ler um livro pra ela. Tem um livro sugerido para maiores de 6 anos que se chama “Como eu fui feito? Meu primeiro livro sobre sexo” (Yvette Lodge). Com ilustrações e textos, eles explicam direitinho o momento da concepção e como o bebê se desenvolve. Falam, inclusive, que “papai colocou seu pênis dentro da vagina da mamãe”. Vai da sua escolha.
Mas você sabe exatamente como acontece todo o processo da fecundação e surgimento do embrião?
Premissa 1: a fecundação é consequência de uma relação sexual entre um homem e uma mulher. Qualquer outro caso não abordaremos neste post.
Premissa 2: esta explicação é bastante simplificada. Nosso organismo é muito mais complexo que isso, mas em um encontro entre amigos, você já vai impressionar bem contando como fomos feitos.
Vamos falar da mulher primeiro, o homem chega depois.
Uma mulher, durante toda a sua vida reprodutiva, sofre ciclos menstruais que, na média, duram em torno de 28 dias.
No início do ciclo, o ovário produz folículos. Estes se desenvolvem, mas apenas um chega à fase mais madura e completa o seu desenvolvimento. É ele que vai liberar o óvulo no momento da ovulação. A cada ciclo menstrual, são produzidos 1 ou 2 óvulos (são dois se os 2 ovários que temos liberarem no mesmo ciclo. É assim que nascem os gêmeos bivitelinos). Apenas esta quantidade.
Outra coisa é que os óvulos só “vivem” até 24 horas: 1 dia por mês pra que o Universo inteiro conspire a seu favor e faça a humanidade não ser extinta do Planeta Terra.
Por este e outros motivos diversos é que, mesmo no período fértil e com a “CNTP acionada” (“Condições Normais de Temperatura e Pressão”), o casal tem apenas 30% de chances de ficarem “grávidos”.
Se você gosta de porcentagens, estudos mostram que:
3 dias antes da ovulação, a probabilidade de engravidar é de 15%;
1 a 2 dias antes, chega a 30%;
No dia da ovulação, 12%.
Isso pode soar estranho quando ouvimos aquelas histórias de “transou pela primeira vez e ficou grávida”, “engravidou com o vento”, “a mulher que teve 20 filhos” etc. Mas é a natureza.
Voltando ao óvulo. Dizemos que a mulher está ovulando quando o óvulo é liberado pelo folículo e apto para ser fecundado durante um período de até 1 dia.
É aí que o homem entra na história. Na realidade, ele pode entrar antes, já que os milhões de espermatozoides liberados em uma relação sexual “vivem” de 3 a 7 dias no organismo feminino. Por isso é que, mesmo que a relação tenha ocorrido dias antes do dia da ovulação, é possível que a mulher engravide.
O ovário libera o óvulo para as famosas trompas de Falópio. Nelas, um dos espermatozoides (o “The One”) consegue entrar no óvulo. E, assim, eles “viajam” até o útero, que já está preparado para receber o óvulo fecundado, que se transformará em um embrião.
Um dos preparos é deixar a parede interna do útero mais espessa para proteger e nutrir o futuro bebê. Esta parede é revestida por uma membrana chamada endométrio.
A menstruação nada mais é do que a camada extra de endométrio sendo dissolvida, junto com sangue e água, e saindo do organismo pela vagina. Como não houve fecundação, o útero entende que não mais precisará da parede espessa e a libera uma vez por mês.
Por isso, ter filhos é considerado um pequeno (grande) milagre. Muitas coisas precisam dar certo e todas as etapas precisam ser cumpridas pra que você possa ouvir o chorinho do bebê assim que ele sai de seu organismo. Quando isso acontece, saiba que ele percorreu todo esse início do caminho pra chegar até você.