Muitos alunos se sentem verdadeiramente amedrontados em semanas de provas. Elas são capazes de desencadear crises de pânico e ansiedade em crianças, adolescentes e até mesmo adultos na universidade. Frases como “Se não foi bem na prova, é porque não fez sua parte”, ou “Vamos ver se você se esforçou na hora da prova” são ouvidas por muitos em escolas públicas e privadas. O que muitas vezes é ignorado é o fato dessa cultura de culpabilização gerar gatilhos psicológicos e emocionais que, muitas vezes, interferem no desenvolvimento cognitivo dos alunos.
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Os números
De acordo com os resultados do relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) em 2015, 80% dos estudantes brasileiros estão propensos a sentir – ou sentem – muita ansiedade antes do período de provas. E isso inclui quando se sentem preparados para elas. Isso significa, em outras palavras, que tanto alunos com facilidade quanto aqueles com baixo desempenho se sentem pressionados ao realizar os testes.
Ainda em dados, de acordo com estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o aluno brasileiro está na segunda colocação em um ranking de 72 países no quesito ansiedade pré-provas.
A reprovação
Em sistemas de ensino que baseiam muitas escolas, a principal – e muitas vezes, única – função das provas é classificar ou reprovar os alunos. Essa mecanização do processo pode ser responsável pela pressão e ansiedade que sentem diante dos testes. De acordo com o Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), em uma amostra de 5.500 professores, 77,8% deles não se posiciona com clareza a respeito da reprovação. No entanto, aqueles que se posicionam a favor dela apresentam também uma concepção de educação baseada fortemente na meritocracia.
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É essencial, portanto, que as provas ganhem novo tom e lugar nas escolas. Não devem ser uma ferramenta de reprovação ou aprovação automática, mas sim uma forma de diagnóstico. É por meio da prova que se pode encontrar problemas específicos de aprendizado em alunos individuais ou na classe como um todo, possibilitando novas formas de trabalhar os conteúdos.
Além disso, deve haver um trabalho conjunto entre escola e família para que se possa amenizar e compreender esses momentos de ansiedade. Estimular o estudo e o esforço é necessário, mas sem colocar em questionamento a capacidade cognitiva do aluno diante de um resultado negativo.